O toma lá, não dou
- Ricardo Felizzola

- 21 de abr. de 2020
- 2 min de leitura
A Constituição tem em seu bojo um conjunto de normas que estabelecem dois tipos de cidadão: os que trabalham para o Estado ou para suas empresas e os outros. Os primeiros (12% dos que trabalham) tem privilégios de toda a ordem e que são pagos pelos impostos recolhidos de todos. Os políticos têm ainda mais privilégios, inclusive imunidade parlamentar, que os torna vacinados contra penas por crimes que possam cometer. A operação Lava a Jato, mesmo assim, conseguiu mandar para a prisão vários deles, inclusive um ex-Presidente da República muito bem condenado em segunda instância. Outros, porém, foram apontados por atos desonestos, mas cumprindo mandato não estão sendo nem processados. Na Constituição consta ainda que o Supremo Tribunal Federal é formado por indicações de Presidentes com aprovação do Congresso. Conclui-se que está constituído por decisões políticas históricas dos últimos vinte anos. Neste período, a ideologia que prevaleceu no Brasil foi a de esquerda, altamente anticapitalista, antiamericana e favorável a experiências socialistas como as de Cuba (até há pouco alugava-se médicos para o Brasil), Venezuela e países africanos. No mesmo período a corrupção bateu recordes em eventos como os da Copa, das Olimpíadas e em escândalos em estatais como os da Petrobras. Empreiteiras de renome também geraram criminosos presos pela Lava Jato, que começou a destruir “o mecanismo”. Em 2018 é eleito o Presidente atual (com 57 milhões de votos) com bandeiras de anticorrupção e contra um partido de esquerda hegemônico da época, introduzindo, de forma histórica, uma direita no Brasil: conservadora, liberal e democrática fundamentada em novos valores. O Congresso foi renovado parcialmente, mas alguns reeleitos continuaram reagindo contra a Lava Jato e convenceram uma maioria de centro a prestigiar lideranças antigas (74 mil votos na eleição para deputado no Rio) ou sem significância (131 mil para senador no Amapá) para defender o sistema responsável pelo “mecanismo”. O Presidente nega-se a continuar alimentando o sistema através dos partidos e do toma lá da cá. Mesmo assim a reforma da Previdência foi aprovada economizando 800 bilhões. O Presidente corta bilhões de anúncios na midia e esta reage de todas as formas. Vem a pandemia e o Presidente assume uma posição. O sistema com a midia, outra. Torra-se, via Congresso, 800 bilhões na saúde e desaparece a pauta do presidencialismo na casa. O Presidente lembra seu compromisso com o povo. O sistema vai lutar pelo impedimento. Conclua de forma civilizada, se possível.


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